Estratégia lançada pelo Ministério da Saúde e Fiocruz vai reduzir em 90% custo do tratamento pelo Sistema Único de Saúde
A Estratégia Fiocruz para Terapias Avançadas, lançada nesta terça-feira (26/03) pelo Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz, tem o objetivo de beneficiar pacientes com doenças oncológicas, infecciosas e genéticas atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Como parte da Estratégia e em parceria com o Ministério da Saúde, a fundação assinou um acordo de colaboração com a organização norte-americana sem fins lucrativos Caring Cross, que prevê a transferência de tecnologia, pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), para a produção de células CAR-T e vetores lentivirais.
Com isso, a Fiocruz será a detentora dessa tecnologia no Brasil e na América Latina, com a produção no País reduzindo drasticamente os custos e ampliando o acesso da população às terapias genéticas. A iniciativa representa também um avanço na parceria com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), que realizará os ensaios clínicos para cânceres hematológicos.
As terapias com células CAR-T representam um tratamento revolucionário, utilizando as próprias células imunológicas do corpo para atingir e destruir as células infectadas. A fase inicial do acordo terá como foco terapias com células CAR-T para leucemia e linfoma, contando com versões aprimoradas de produtos que têm sido usados com sucesso no tratamento de pacientes em diferentes países. A colaboração também irá desenvolver um produto terapêutico para o HIV, atualmente em fase de ensaios clínicos nos EUA, concebido para o tratamento e potencial cura da infecção pelo vírus. Também há a expectativa do desenvolvimento de novos projetos com diferentes parceiros para outras patologias.
Para se ter uma ideia do impacto que esta nova tecnologia pode causar, estima-se que foram registrados 20 milhões de novos casos de câncer e 10 milhões de mortes por câncer no mundo todo no ano passado, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Tratamento eficaz e economia para o SUS
O potencial transformador dos tratamentos com células CAR-T é significativamente prejudicado por seus altos custos, frequentemente superiores a US$ 350 mil (cerca de R$ 2 milhões) a dose. O preço torna estas terapias que salvam vidas inacessíveis a muitos pacientes de regiões de baixa e média rendas, criando uma grande disparidade no acesso a este tratamento inovador. Com a produção local, o tratamento poderia estar disponível gratuitamente para a população e o custo para o SUS se reduziria a 10% do valor atualmente praticado na Europa e EUA, passando para US$ 35 mil (R$ 173 mil). Foi o que destacou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante o lançamento na estratégia.
Transferência de tecnologia
Com a transferência de tecnologia, Bio-Manguinhos/Fiocruz produzirá localmente os vetores lentivirais a serem desenvolvidos para a terapia com células CAR-T, além de ser o certificador para postos avançados de implementação desta terapia em unidades de saúde pelo Brasil.
Parceria com o Inca: ensaios clínicos
Em parceria com a Fiocruz, o Inca vai dar início à condução dos ensaios clínicos para cânceres hematológicos, a partir de um Memorando de Entendimento para cooperação na área de oncologia, assinado ano passado. O processo contará com dois contêineres customizados, que funcionarão como estações de trabalho adequadas à produção de terapias genéticas e instalados próximos aos locais de tratamento. Um dos containers ficará no campus de Manguinhos da Fiocruz e o outro, nas dependências de uma das unidades do Inca, ambos no Rio de Janeiro.
O acordo estabelece que o Inca cuidará de seus pacientes e acolherá, também, aqueles indicados por outras instituições. Nas fases avançadas da pesquisa, há ainda a possibilidade de preparar as células no Inca e tratar os pacientes em outras unidades de saúde.
Fiocruz
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é a maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina, que também produz vacinas e medicamentos para abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS). Vinculada ao Ministério da Saúde, foi criada em 25 de maio de 1900 para fabricar inicialmente soros e vacinas contra a peste bubônica. Desde então, a instituição experimentou uma intensa trajetória, que se confunde com o desenvolvimento da saúde pública no Brasil.
Atualmente, a Fiocruz está instalada em 10 estados, além do Distrito Federal, e conta com um escritório em Maputo, capital de Moçambique, na África. Além dos institutos sediados no Rio de Janeiro, mantém unidades nas regiões Nordeste, Norte, Sudeste e Sul do Brasil, e escritórios no Ceará, Mato Grosso do Sul, Piauí e Rondônia. Ao todo, são 16 unidades técnico-científicas, voltadas para ensino, pesquisa, inovação, assistência, desenvolvimento tecnológico e extensão no âmbito da saúde.
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) é a unidade da Fiocruz responsável por pesquisa, inovação, desenvolvimento tecnológico e produção de vacinas, kits diagnósticos e biofarmacêuticos destinados a atender as demandas da saúde pública nacional como uma prioridade.
Inca
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) é uma instituição brasileira dedicada à pesquisa, ao ensino, à prevenção e ao tratamento do câncer. Fundado em 1937, desempenha papel crucial no controle à doença, oferecendo assistência médica de qualidade, promovendo ações educativas e desenvolvendo estudos científicos para avançar no entendimento e tratamento do câncer no contexto brasileiro.
Como referência nacional, o Instituto contribui significativamente para a formulação de políticas públicas de saúde e a disseminação de informações que visam melhorar a prevenção, a detecção precoce e o manejo eficiente do câncer no País.
Fonte: Agência Gov, com informações da Agência Fiocruz de Notícias
Arte: Rodrigo Carvalho (CCS/Fiocruz)
Para mais informações, acesse https://agencia.fiocruz.br/.
Assessora técnica de Saúde da AMM, Juliana Marinho, WhatsApp (31) 2125-2400.