Websérie da Fiocruz sobre saúde mental visa fortalecimento das políticas públicas
O Dia Mundial da Saúde Mental foi instituído em 10 de outubro de 1992, pela World Federation of Mental Health, e tem como objetivo chamar atenção sobre a necessidade de combater os preconceitos que acompanham quem desenvolve algum problema emocional e/ou psicológico.
Uma em cada oito pessoas em nível mundial vive com problemas de saúde mental, o que pode afetar a sua saúde física, o seu bem-estar, a forma como se relaciona com os outros e os seus meios de subsistência.
A AMM apoia a causa e ressalta a importância das ações para a garantia de que todos possam exercer os seus direitos humanos e ter acesso aos cuidados de saúde mental de qualidade.
Para marcar a data, a websérie “Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira”, produzida em parceria pela Fiocruz Brasília e a TV Pinel, acaba de ganhar versão legendada em inglês e chegar a novas plataformas. A partir do dia 10 de outubro, a websérie estará disponível no canal da VideoSaúde (AQUI) Distribuidora da Fiocruz no YouTube, além do canal Morar em Liberdade. Já nos dias 26 e 28 de outubro, ela será exibida no Canal Saúde.
Sobre a websérie
Parte do conjunto documental dos projetos Memórias da Saúde Mental: Cultura, Comunicação e Direitos Humanos e da Avaliação do Programa de Volta para Casa, do Nusmad, a websérie “Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira” foi lançada em dezembro de 2020. Ela apresenta ex-internos do sistema psiquiátrico que vivem em Juiz de Fora (MG), Paracambi (RJ) e Barbacena (MG), ampliando a própria voz dos usuários de saúde mental, que recriam a vida em liberdade.
“Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira” fez parte da instalação multimídia Morar em Liberdade, circuito 2020-2021, cujo catálogo pode ser acessado aqui. Destacando a luta pelo direito à cidade e à comunicação, a websérie é composta por três episódios.
O primeiro traz dois usuários de Juiz de Fora (MG): Ana, paulista de quase 60 anos, que passou 25 anos internada e, hoje, vive em liberdade na casa da sua família; e Antônio, paulista de 62 anos, que passou 26 anos internado e vive em liberdade em uma Residência Terapêutica. Ana gosta de passear de ônibus pela cidade, ajudar quem precisa dela e cantar o amor. Antônio, além de cantar Pink Floyd no karaokê, gosta de fazer amigos, caminhar na praça e comer sanduíche de mortadela com café na padaria da esquina.
No segundo episódio, ex-internos da Clínica Dr. Eiras, em Paracambi (RJ), que recriaram a vida em liberdade por amores possíveis. Oscar e Andreia, cariocas de cerca de 50 anos, quase não têm memória do passado, nem sabem quanto tempo permaneceram internados. Perderam contato com suas famílias e hoje vivem juntos o amor na própria casa, uma residência assistida. Assistem TV juntos e vivem a tranquilidade de cuidar um do outro. Zélia, capixaba internada na adolescência, também não sabe quanto tempo permaneceu em instituições, mas saiu da clínica pelas mãos da cuidadora Nazaré, que a adotou e a acolheu em sua família até a morte de Zélia, em 2020, aos 60 anos. Na casa de sua nova família, Zélia escolheu os móveis do quarto e a cor da parede; ela sentia saudade do mar, gostava de conversar e lavar louça, e tinha sorriso fácil.
Os ex-internos do Hospital Colônia de Barbacena (MG), um dos piores manicômios brasileiros, onde morreram cerca de 60 mil pessoas, estão no terceiro episódio, e mostram que a fé na vida é motor para recriar o viver e morar em liberdade. Rosalina, mineira de quase 70 anos, foi internada aos 14 por se defender de uma tentativa de estupro e teve uma filha enquanto estava no hospital – a menina foi dada em adoção. Rosalina viveu anos em uma Residência Terapêutica e, hoje, mora em sua própria casa, onde, em um lugar especial, está o retrato da filha, que ela reencontrou após 14 anos. Adelino, piauiense de quase 80 anos, e Nilta, mineira de quase 70, foram internados muito jovens e começaram a namorar ainda no hospital. Viveram em Residências Terapêuticas e, em 2005, se casaram. Hoje, moram em liberdade em uma casa só deles. Gostam de viajar, assistir à missa pela TV e receber os amigos.
Créditos de produção audiovisual: Direção e roteiro: Fernanda Severo, João Aranha e Vera Roçado; Direção de fotografia: João Aranha; Produção: Vera Roçado, João Aranha, Fernanda Severo e Radilson Carlos Gomes; Captação de imagem e som direto, edição e finalização: João Aranha.
Créditos institucionais: Coordenação do Nusmad: André Vinicius Pires Guerrero; Coordenação de Pesquisa Histórica e Comunicação Pública: Fernanda Severo; Coordenação de Produção da TV Pinel: Vera Roçado.
A websérie estará disponível no canal da VideoSaúde (AQUI)
Mais informações: moraremliberdade@gmail.com.
Assessora técnica de Saúde da AMM, Juliana Marinho, WhatsApp (31) 2125-2400.