A partir do registro dos sistemas culinários do milho e da mandioca, a cozinha mineira foi declarada patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais, no dia 5 de julho, durante a reunião do Conselho Estadual de Patrimônio Cultural (Conep). A deliberação aconteceu na mesma data em que se celebra o Dia da Gastronomia Mineira.
Com o objetivo de celebrar e promover os ingredientes, saberes e práticas que constituem a cultura alimentar mineira, o Governo de Minas lançou na ocasião o projeto Cozinha Mineira Patrimônio – Temporada 2023, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
O Cozinha Mineira Patrimônio contemplará uma série de ações que reforçam a importância da cozinha mineira para a cultura, o turismo e o desenvolvimento econômico e social do Estado, enaltecendo a cozinha mineira enquanto patrimônio imaterial.
A deliberação sobre o Registro dos Sistemas Culinários da Cozinha Mineira – O Milho e a Mandioca é de grande relevância para o reconhecimento e a valorização de saberes e práticas desenvolvidos pelos povos originários e tradicionais, como as comunidades indígenas e negras. A contribuição desses povos foi essencial para que a mandioca e o milho constituíssem alguns dos pilares que sustentam a cozinha mineira.
Os saberes ligados ao milho e à mandioca constituem o primeiro sistema culinário a ser identificado pelo Iepha-MG no âmbito das pesquisas sobre a Cozinha Mineira. Essa decisão é fruto de estudos para a compreensão da cultura alimentar do Estado, feitos pelo Iepha-MG e parceiros desde 2019.
Outra etapa desse trabalho foi a identificação de quase 700 moinhos de milho e casas de farinha de mandioca em Minas Gerais. O cadastro foi viabilizado por meio da ação conjunta entre Iepha-MG, prefeituras, instituições de ensino, comunidades e pesquisadores.
Cozinha Mineira Patrimônio – Temporada 2023
O projeto Cozinha Mineira Patrimônio visa, assim, à promoção do repertório alimentar e gastronômico mineiro, a partir de ações voltadas ao fomento, à capacitação, à valorização e à divulgação dos sistemas culinários da cozinha mineira enquanto patrimônio cultural imaterial.
Além da entrega do dossiê para o Registro dos Sistemas Culinários da Cozinha Mineira – O Milho e a Mandioca, o Iepha-MG realizará a publicação de uma edição dos Cadernos do Patrimônio dedicada ao tema. A divulgação de peça audiovisual sobre o assunto e de material educativo a ser compartilhado nas escolas, bibliotecas e museus também estão previstas.
Compõem o trabalho do Iepha-MG: ações de identificação e pesquisa com finalidade de inventário ou registro dos saberes relacionados aos sistemas culinários e agrícolas desenvolvidos pelas comunidades tradicionais mineiras; organização e disponibilização do acervo documental sobre os bens culturais protegidos a nível municipal relacionados aos Sistemas Culinários da Cozinha Mineira para consulta pública; identificação de feiras e circuitos gastronômicos da Cozinha Mineira; organização e divulgação de um calendário que reúna as festividades gastronômicas relacionadas aos sistemas culinários associados ao milho e à mandioca no estado.
A articulação com os municípios é outro ponto importante, a partir do estímulo às iniciativas de salvaguarda, tendo em vista a pontuação no programa ICMS Patrimônio Cultural das cidades com bens protegidos no âmbito da Cozinha Mineira.
Capacitações, por meio das Rodadas do Patrimônio Cultural, promovidas pelo Iepha-MG, também deverão contribuir para a formação de gestores sobre a temática da salvaguarda, incentivando a participação dos mais diversos agentes de patrimônio, em especial, os detentores do saber.
A realização de um programa voltado à agricultura familiar, contemplando, por exemplo, comunidades ribeirinhas e quilombolas, é outra ação desse eixo. Com o nome Agricultura Familiar e Sustentável, o projeto visa preservar as práticas e conhecimentos transmitidos por gerações enquanto também auxilia essas comunidades na geração de renda de maneira sustentável. Esse trabalho será desenvolvido em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).
Campanhas
Além disso, a valorização da cozinha mineira baseia uma nova campanha do Governo do Estado, concebida para promover o destino Minas Gerais, a partir das “cinco estrelas” da atividade turística em território mineiro: a experiência gastronômica, o turismo de natureza, de aventura, os patrimônios históricos e a arte moderna e contemporânea.
Destaque para o tema nas principais feiras de turismo do país é outro objetivo. A cozinha mineira estará atrelada à promoção da Candidatura dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Imaterial da Unesco, a qual deverá se intensificar até 2024.
Ampla divulgação do selo da Cozinha Mineira Patrimônio, desenvolvido pelo Instituto Periférico, em todas as ações, concursos e eventos que a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) desenvolver no segundo semestre de 2023 também está no radar.
O Seminário Internacional da Cozinha Mineira, que será sediado em Tiradentes, em novembro, é outra ação voltada à capacitação e promoção da cozinha mineira contemporânea.
A criação do Observatório da Cozinha Mineira é outro destaque. A proposta é estabelecer uma rede de pesquisa, com finalidade de monitorar o desenvolvimento da cozinha mineira pelo levantamento de pesquisas, dados, números e elaboração de indicadores.
Press trips, famtours gastronômicos, parceria com influenciadores digitais e chefs da cozinha mineira complementam o conjunto dessas ações. Rodadas de negócios com produtores e agentes para formatação de produtos turísticos deverão acontecer também até o fim de 2023.
Fonte: Secult-MG
Mais informações com a assessora técnica de Cultura e Turismo da AMM, Brenda Grandioso, pelo WhatsApp (31) 2125-2400.