Após a ocorrência de casos de intoxicação por metanol, o Ministério da Saúde enviou, nesta terça-feira (30/09), a todos os estados e municípios do país uma nota técnica orientando os estados e municípios a notificarem imediatamente todas as suspeitas relacionadas a esse tipo de intoxicação. Até o momento, foram registrados 22 casos no país: sete confirmados e 15 em investigação. Outras quatro notificações foram descartadas. Um óbito foi confirmado e outros 4 estão em investigação. Todos os casos ocorreram no estado de São Paulo.
A situação é classificada como um Evento de Saúde Pública (ESP), por isso é necessário ampliar a sensibilidade do sistema de vigilância e atenção à saúde em todo o território nacional para a detecção precoce e tratamento dos casos. A Nota orienta as ações dos serviços de saúde para uma condução adequada e comunicação dos casos, como:
- Definição de caso
- Aspecto clínico
- Conduta frente ao caso suspeito ou confirmado
- Vigilância e notificação dos casos
O caso é considerado suspeito quando o paciente, que ingeriu bebida alcoólica, apresenta a persistência ou piora de sintomas, como embriaguez persistente, desconforto gástrico e alteração visual, entre 12 horas e 24 horas após o consumo.
Dados
O número de casos registrados entre agosto e setembro acende um alerta para a possível adulteração de bebidas alcoólicas. Até então, o Brasil contabilizava cerca de 20 casos de intoxicação por metanol ao longo de todo um ano, o que torna o atual cenário atípico.
O antídoto específico para os casos confirmados de intoxicação por essa substância é o etanol produzido por laboratórios ou farmácias de manipulação, em grau de pureza adequado para uso médico. A administração, intravenosa ou oral, é sempre controlada. Quando há necessidade clínica, o Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) ou as secretarias de saúde solicitam a manipulação do produto.
O Brasil conta com 32 CIATox, centros de referência especializada em toxicologia para orientação, diagnóstico e manejo de intoxicações, além de apoio à toxicovigilância e à gestão de risco químico. Em São Paulo, há 9 centros.
Além da nota técnica, o ministério da saúde disponibiliza o protocolo de notificação de caso suspeito de intoxicação exógena no Guia de Vigilância em Saúde.
Na manhã desta terça (30), o ministro Padilha participou da coletiva sobre o plano de ação do Governo Federal diante dos casos de intoxicação por metanol e determinou que os profissionais de saúde de todo o Brasil notifiquem imediatamente o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) estadual ao identificarem qualquer suspeita de intoxicação por essa substância.
Diante da gravidade da situação, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e órgãos de vigilância do Governo Federal e dos estados também integram a ação conjunta. O MJSP determinou à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar a origem do metanol e a rede de distribuição das bebidas contaminadas, com indícios de que a circulação ultrapasse os limites do estado de São Paulo.